Portugal. Foi neste país à beira mar plantado que descobri dois prazeres fundamentais para o meu ser: andar a pé e viajar.
Felizmente, sempre tive uma infância viajada, apenas por Portugal é verdade, mas muito viajada. Desde pequeno que os meus pais aproveitavam a maioria dos tempos livres para conhecer Portugal e ao mesmo tempo que o meu corpo crescia, cresciam os meus conhecimentos acerca deste país.
E foi vivendo na aldeia, até entrar para a escola onde os transportes públicos eram raros ou inexistentes o que permitia que cada vez que se quisesse ir a uma civilização mais elaborada fosse necessário andar uns míseros doze quilómetros para cada lado. Mas era um percurso engraçado, pois nunca íamos pela estrada. A minha avó sempre escolhia um ou outro caminho pelo meio das hortas, parcas casas ou pinhais. Assim, sempre dava para distrair e ir conhecendo mais umas pessoas, de idade avançada é verdade, mas sempre pessoas interessantes cheias de sabedoria.
Depois vinham os Verões escolares, onde o destino da aldeia era sempre muito apreciado. Nessa altura não havia tv por cabo, consolas e outras modernices. Ainda bem, digo com orgulho. Ir à horta, às vezes percorrendo quilómetros pelo meio do pinhal, com o balde e a sachola (enxada mais pequena). Passar o dia inteiro a ver o meu avô tirar água do poço com um engenho cujo nome, por hora, se varreu. Era composto por um eucalipto que tinha numa ponta pedras atadas e na outra se pendurava o balde. Preso sobre um poste, puxava-se a corda até o balde ficar submerso, deixando-se depois as pedras fazerem contra-peso e trazer o balde de volta à superficie. O balde vinha cheio e a água era descarregada para uma calha, de onde seguia até um complexo emaranhado de regos, por entre pés de milho, que eram trabalhados pela avó com chachola, desviando a água para o rego seguinte assim que aquela área estivesse cheia. E ali passavamos o dia, até todo o terreno estar regado ou o poço sem água. Pelo meio, comiamos uns pêros acabadinhos de apanhar, uns pedaços de broa com nacos de presunto e uma boa água-pé. Eram dias recheadamente bem passados.
Depois veio a bicicleta que já permitia percorrer aqueles e outros caminhos com mais rapidez, ainda que às vezes com mais dificuldade dada a inclinação dos traços. Que saudades daqueles tempos em que o concelho da Sertã era um local seguro e calmo de habitar.
E foi aqui que o bicho começou a mexer, o bicho das caminhadas e do conhecimento de novos e desconhecidas culturas. Este é um tema que gostaria e muito de alongar. E aos poucos haverei de efectuá-lo...
domingo, 4 de abril de 2010
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