domingo, 4 de abril de 2010

O Passeio dos Tristes

Estávamos em plenos anos 70 e 80. O dinheiro não abundava na mão da classe trabalhadora portuguesa. Mas ainda assim e porque o bichinho de não estar quieto muito tempo no sofá, metia-nos aos três dentro do carro praticamente todos os fins-de-semana. Embora isso não quisesse dizer que todos os fins-de-semana houvesse novidades em termos de panorama.

 Assim, sempre que saímos, o normal era decidir qual o destino até ao cruzamento à saída do bairro. Como todos os destinos falados naqueles 150 metros até lá, eram sempre um pouco distantes para a "hora". Lá íamos nós mais uma vez fazer o passeio dos tristes. Era assim que se denominava porque era sempre para os mesmos locais e parando quase sempre nos mesmos locais.

 Na altura atravessar o rio, resumia-se a Vila Franca de Xira e à ponte Salazar. Daí, ou íamos por Vila Franca e voltávamos por Lisboa ou vice-versa. Embora o vice-versa tivesse mais adeptos porque permitia ir ao outro lado sem pagar portagem. Outras vezes íamos até Sintra e voltávamos pela marginal, embora fossemos mais adeptos do sentido inverso, porque quase toda a gente voltava à mesma hora, pela mesma estrada, tornando os passeios em monumentais secas de pára-arranca.

 Posteriormente, talvez já um pouco cansados dos mesmos sítios ou porque um novo emprego proporcionava mais alguns rendimentos, resolvemos inovar e alargamos a volta dos tristes a Santarém, ver as cheias ou à Arrábida ver o mar ou encher os pulmões de ar fresco e puro.

 E quando daí ficamos fartos, o passo seguinte era sair de casa para tomar o pequeno-almoço e acabar por ir almoçar a uma churrasqueira muito boa que havia (e ainda há) em Odiáxere, Lagos.

Bons velhos tempos. Ainda consigo lembrar-me de muitas das fotos que estão lá para casa algures, dentro de uma caixa de sapatos. Infelizmente (felizmente, pelo preço) hoje em dia, já não podemos encontrar fotos de momentos marcantes dentro de uma caixa de sapatos.

PS. Acho que vou passar a guardar os CD's de backup das fotos dentro de uma caixa de sapatos na arrecadação.

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